柔術 JIU JITSU

Publicado por Ruy Erize em

柔術

JIU JITSU

 

Formado por ideogramas chineses, “JU-JUTSU” (柔術), significa “técnica suave” ou mesmo “arte suave”.  Porém a forma que é conhecida no ocidente de falar e de escrever é da cultura japonês.

foto 01 confraternização no Dojo do mestre Raphael Souza

 “Suavidade” é composta por 2 caracteres: lança (矛) e madeira (木)

Para quem empunha uma Lança, simboliza:

. Determinação e força de vontade;

. Sabedoria e longevidade;

. Os soldados nos tempos antigos usava para manter os inimigo afastados;

. Os ataques são circulares.

 

A madeira:

.planta que tem vida e capacidade de produzir (multiplicar-se e vivenciar);

.Tem flexibilidade permitindo que a arma gere força de mola, fornecendo a habilidade de absorver, desviar e ceder do ataque do oponente;

.Sua leveza fornece a velocidade da arma;

.Madeira também tem a ver com fundação, raízes fortes como uma árvore.

 

Existente em mais de 90% das artes marciais mundiais. Tem o conceito de técnica suave ou arte suave, de uma forma grosseira é usar a força do oponente a nosso favor. É encontrado nas artes marciais chinesas, coreanas, russas e até mesmo nas antigas artes marciais indígenas brasileiras.  Não é um conceito próprio ou característico de uma luta em si só.  Tem outros nomes para designar as artes japonesas, como TAIJUTSU, YAWARA, KOGUSOKU, TORITE e KENPO, entre outros, mas todos eram escolas de JIU JITSU.

O JIU JITSU não é um termo de definição de uma única arte marcial.

foto 02 – Zé Maria (bulldoguinho) e Ruy Erize (Bulldogão)

O JIU JITSU é um conjunto de artes marciais japonesas de ataque e defesas sem armas ou com armas curtas.

Neste período de pandemia estou tendo tempo de organizar meus materiais de estudos, livros, revistas, armas e rever algumas anotações feitas no decorrer desses anos de treino.

Nos dias normais não conseguiria ter tempo para ler os materiais e anotações.

Encontrei um livro que tinha adquirido há alguns anos atrás de Jiu Jitsu, o livro foi publicado nos anos 60 pelo ministério da guerra, o autor Jose Câmera Fonseca mostra como o Jiu Jitsu é amplo em seus estudos. Não é apenas um estilo de desporto, como é popularmente divulgado hoje.

 

O resumo do livro – Os  segredos do jiu Jitsu, autor Jose câmera Fonseca:

Introdução

I – O  que é o Jiu Jitsu

O Jiu Jitsu é uma arte marcial. Toda a doutrina do Jiu Jitsu se subordina às máximas da arte militar.

O leigo ataca e reage sem disciplina interior; o praticante se comporta cientificamente de forma variável segundo o sistema especial que cultiva. O cultor da arte deve estudar as duas atitudes: a do leigo e a científica a fim de estar preparado constantemente contra qualquer eventualidade.

 O Jiu Jitsu é estruturado nas ciências:

   1-      Mecânica (antropotécnica)

   2-      Biologia (anatomia e fisiologia)

   3-      psicologia

   4-      Metafísica

 

Do que foi exposto podemos dizer que ideologicamente, Jiu Jitsu significa “princípio universal da eficácia máxima” aplicada a qualquer atividade humana.

O Jiu Jitsu é uma arte fundamentada em princípios científicos, filosóficos e religiosos que tem por fim explorar continuamente ao máximo todas as possibilidades humanas do espírito e do corpo.

 

II – forças e movimentos empregados na técnica do Jiu Jitsu.

A-     Forças físicas

Força própria – força ativa, força passiva

Força exteriores – força adversária, força de alavanca, força gravidade, força de inércia, força centrífuga.

 B – movimentos técnicos

Gerais:  equilibrar, guardar, movimentar, força, cambiar.

Ofensivos: projetar, segurar, fraturar, estrangular, bater.

Defensivos: esquivar, parar, resistir, libertar, atenuar.

C – movimentos táticos: fintar, antecipar, rodear, adaptar, improvisar.

 

Desenho 01 do livro Os segredos do Jiu Jitsu

III – classificação dos recursos do Jiu Jitsu

A – projeções 

Lançamentos com os membros inferiores (ashi waza)

lançamentos com os membros superiores (te waza)

lançamento com o dorso (koshi waza)

lançamento jogando se de costa ou de lado (sutemi waza) 

B – prisões  ou imobilizações (osae komi waza)

C  – estrangulamentos ou bloqueio dos aparelhos respiratórios ou circulatórios (shime waza)

D  – chaves ou torções sobre o sistema ósseo articular (kansetsu waza)

E – golpes traumáticos desferidos contra os pontos vulneráveis do corpo humano (ate waza).

 

1ª parte

Estudo do Jiu Jitsu

Guarda natural fundamental – posição erecta, descontraída, ombros e pés alinhados, pés afastados a distância correspondente ao melhor equilíbrio. Todo o corpo deve estar completamente flexível, de modo que, quando se tornar necessário qualquer movimento, este possa ser executado com o mínimo possível de fadiga preliminar e de retardamento. É necessário tempo para relaxar ou contrair os músculos. Em alguns esta operação demanda mais tempo do que em outros, de modo que, se ambos os movimentos tiverem de ser executados, de modo que, se ambos os movimentos tiverem de ser executados, tempo valioso será perdido.

Observar sempre que “toda a estrutura do Jiu Jitsu se baseia na utilização da estratégia, da agilidade e da rapidez de movimento, e não da força pura e simples”.

Quanto mais próximos mantivermos o corpo do ponto de equilíbrio (posição de base) mais difícil será derrubar-nos, ou, no caso de uma tentativa de golpe, maiores as possibilidades de nos recuperarmos.

Nunca se deixe irritar. Cultive a frieza absoluta, pois ao contrário nunca será um bom praticante. Procure treinar com diversos praticantes diferentes, a fim de evitar a criação de uma linha padronizada de defesa ou de ataque.

 

Desenho 02 do livro Os segredos do Jiu Jitsu

Ate waza – é a arte de atacar os pontos vitais do corpo humano por meio de percussões, esmagamentos, pressões, beliscões, torções, deslocamentos, fraturas. As armas utilizadas são :

O punho, a ponta dos dedos, o cutelo da mão, o cotovelo, a ponta do joelho, o peito do pé, os tornozelos, a sola do pé, o calcanhar e a ponta  do pé.

Todos os ataques de ate waza são destinados a produzir no oponente paralisia de um membro, perda de sentidos ou síncope mortal.

Como agem os atemis: para bem compreender este ponto de nosso estudo, é necessário saber se a ação dos atemis em funções de dados modernos relativos ao funcionamento do cérebro. Existem no ser humano dois grandes processos: o estado de excitação e de inibição ; estes dois estados condicionam toda atividade mental e física.

Desenho 03 do livro Os segredos do Jiu Jitsu

No estado de repouso, o cérebro, verdadeira central eletrônica do corpo humano, recebe as mensagens provenientes do interior e do exterior; estas mensagens chegam em grande quantidade, aglomeradas, e devem ser interpretadas, classificadas e analisadas.

Assim a cada instante, o cérebro regula nossa atividade, suprindo as carências, e moderando os excessos, restabelecendo o equilíbrio, regulamentando nossas carências.

Evidentemente a eficácia do cérebro depende desse poder de seleção, sem este seria uma anarquia o vasto campo mental.

O segundo processo, a inibição que freia as outras mensagens. Logo que uma ação é engajada, existe entre a parte do corpo que move e o cérebro uma corrente contínua, que dinamogenia os nervos e os músculos nesta parte, os músculos antagonistas são automaticamente relaxados e todas as outras vias de acesso ao cérebro são bloqueadas contanto mais forças quando a ação é intensa. De sorte que um atemi intervém para 

perturbar este equilíbrio; assim no momento oportuno quando o caminho  está livre, provoca uma reação e esta é detida ao nível do sistema nervoso.

 

Desenho 04 do livro Os segredos do Jiu Jitsu

Causas mecânicas da potência dos atemis:

1ª  A superfície do impacto

Examinemos um punho fechado, a superfície de golpe afeta a forma de um retângulo de 5 cm por 4 cm, ou seja 20 cm2. Damos um golpe… utilizando a mesma força, damos um novo golpe mais desta vez não mais com toda a superfície da mão, mas somente com a segunda articulação do maior dobra e passando o punho fechado, este golpe será terrivelmente mais penetrante e doloroso, repetindo os golpes sobre o mesmo local diminuindo cada vez mais a superfície do impacto.

2ª A rapidez

A força e a potência de um atemi é unicamente uma questão de velocidade. A potência de um golpe é geralmente em função direta da velocidade da percussão e na razão inversa da superfície percutante. Ainda faz se notar que no cálculo da força viva de um golpe, a velocidade intervém pelo seu quadrado.

3ª A dureza da arma empregada

É evidente que quanto mais dura for a superfície do impacto mais percutante deve ser o golpe; eis porque os atemis das mãos, cotovelos, pés, para tornarem se verdadeiramente eficazes devem ser treinados no “makiwara”, “sunatawara” para endurecerem ao máximo.

 

Desenho 05 do livro Os segredos do Jiu Jitsu

Como bater ( técnica do atemi)

O atemi é um golpe rápido, breve e percutante com efeito após o atemi o braço ou a perna que bate volta instantaneamente a posição inicial tão rapidamente como saiu.

Assim um ponto preciso, nossa atenção se concentra sobre ele, a mente aprecia a distância e libera a energia necessária para percorrer aquele caminho.

No momento do impacto, toda a energia deve estar liberada tanto física quanto mentalmente. O golpe deve ser dado em descontração, isto porque um membro contraído não permite a velocidade necessária.

 

2º parte

Desenho 06 do livro Os segredos do Jiu Jitsu

O  combate em pé 

Treinamento

No treinamento acadêmico ou treino escola tem primazia os preceitos  seguintes:

1 cedência ou não resistência.

2 sincronização

3 continuidade

O praticante deve agir e união mecânica com o oponente, fazendo concordar os seus movimentos com os do adversário em  trajetória, força e velocidade; a força deve ser aplicada na direção e no sentido do enfraquecimento gravital do oponente  ou na direção e no sentido Em que ele faz força conforme já mencionamos; isto não exclui, evidentemente a iniciativa própria. Se os dois oponentes atuarem deste modo, e assim devendo ser, o conjunto funciona como um só todo harmônico a favor do mais hábil.

 

A observância destes preceitos conduz gradualmente a manobra intuitiva e a unidade da dualidade dos combates dos mestres em que cada movimento dum litigante é “continuado” pelo outro num conjunto favorável ao oponente mais eficiente.

 

Exercícios preliminares (I)

A ginástica deve ser adaptada para o fim de desenvolver três qualidades físicas exponenciais que o Jiu Jitsu exige:

I – força física para suportar os ataques e golpes do adversário.

II – agilidade para desvencilhar se dos mesmos e dominar o adversário.

III – resistência para aguentar a continuidade dos ataques e manter o fôlego.

Para adquirir essas três qualidades principais o praticante necessita desenvolver:

I – sistema muscular – tenacidade e resistência.

II – sistema osseo articular – correção de desvios, flexibilidade e mobilidade.

III – aparelho circulatório – adaptação ao tipo de esforço (prolongado)

IV – aparelho respiratório – capacidade vital.

Tal preparação é indispensável e se consegue através de um treinamento metódico e progressivo, sem precipitações prejudiciais.

 

3º parte

O combate no solo

1º posição fundamental – lateral

2º posição fundamental – cruzada

3º posição fundamental – ao comprido

4º posição fundamental – montada

5º posição fundamental – oponente dentro da guarda

6º posição fundamental – estando dentro das pernas do adversário.

 

 

Bibliografia :

.FONSECA, Jose câmera. Os segredos do Jiu jitsu. Rio de Janeiro: Ministério da Guerra, 1960.

.Conceição, Rodrigo Rodrigues da. Iniciação ao esporte de combate. Brasilia DF

.http://www.gansekikai.org/a-historia-do-ju-jutsu-koryu/

.https://brisbanechentaichi.weebly.com/skill-knowledge.html

 

 

Quem sou eu? Meu nome é Ruysdael Crise Pereira Soares, mais conhecido como Ruy Erize. Sou fundador e CEO do Instituto Erize de Artes Marciais desde 1993.  Shidoshi ho da Bujinkan Budo Tai Jutsu. Instrutor de Jeet Kune Do. Instrutor de Luta Livre. Faixa preta de Jiu Jitsu Brasileiro. Sou instrutor de defesa pessoal no curso de vigilante armado, na FORTSEG. Sou formado em educação física. Concluí em 2020 pós-graduação em Treinamento em Artes Marciais Mistas – MMA.

 

 


1 comentário

Thompson Galdino Da silva · 20 de março de 2021 às 13:20

Otima materia mestre!

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