Homenagem aos praticantes de artes marciais montes-clarense #1

Publicado por Ruy Erize em

THOMPSON GALDINO DA SILVA

“UMA HISTÓRIA DE VIDA NAS ARTES MARCIAIS”

… foi nos idos de 1976 que pisei em um tatame pela primeira vez… este era feito de lona verde, daquelas típicas de caminhão, recheadas de palha de arroz…  

Levado por meu pai para visitar a saudosa Academia Sol Nascente, do já falecido Professor Durval, fiquei maravilhado com aquele espaço amplo, aquelas antigas janelas de madeira azuis, os sacos de pancada e equipamentos de musculação… Meus olhos de criança ficaram absortos a um jovem praticante de Karatê que, durante a minha visita, estava a um canto treinando algo que no futuro eu iria aprender que se chamava “katá”: era o lendário “Torresmo”. 

Por alguns meses treinei o Judô nesta academia, alternando os horários de treino com as aulas na E. E. Gonçalves Chaves. Porém, por motivos alheios à minha vontade de criança, parei de treinar pois meu pai também o fez e eu não tinha como ir sozinho para a academia.

Chegaram os anos 80 e com eles a fase dos “heróis do cinema e dos quadrinhos”  (eu era cliente cativo da banca de Dona Geni e assíduo freqüentador das matinês dos Cines Fátima e Coronel Ribeiro). Heróis como “O mestre do kung fu, Homem aranha, Bruce Lee”, eram, para a garotada da época, exemplos de honestidade, honra e heroísmo. Todos queriam ser lutadores como eles! Mas nada superou a explosão do fenômeno “Karatê Kid”, que inundou as academias de novos faixas brancas sedentos de conhecimento desta arte marcial. E lá fui eu… Agora iria treinar com Vicente Mendes e seu irmão Hermógenes (Mogim) na também nomeada “Academia Sol Nascente”. Durante esse período tive a honra de ser examinado para faixa Verde pelo saudoso Akio Yokoyama – mestre japonês que, contam as lendas, trouxe o Karatê para o Brasil.

Nesta fase me graduei até a faixa Roxa. Porém as faculdades de Administração e posteriormente de Contabilidade – FADEC –  e o trabalho como funcionário em um escritório de contabilidade, me forçaram a pausar novamente o sonho de ser um Faixa Preta. Na Unimontes conheci minha futura esposa que estudava Direito – FADIR. Após nossas formaturas, nos casamos, abrimos nossos respectivos escritórios e assim consegui conciliar o trabalho, a família e os treinos – desta vez sendo aluno de Wilton Alves (filho do Prof. Durval) no Karatê e, paralelamente, no Aikidô – mas sempre tendo o primeiro como minha arte marcial preferida. Com este mestre fui até a faixa Marrom. Neste momento da minha vida, já era pai de um casal de filhos que, em breve, traçariam o caminho das artes marciais – para orgulho do papai!

Após a graduação na faixa Marrom, fui treinar com o campeão panamericano Antônio Marcos (Marquinhos) o que me preparou para o exame de graduação em faixa Preta. Este exame foi o primeiro a ser realizado em Montes Claros e contou com a participação do presidente da Federação Mineira de Karatê João Godoi que fez parte da banca examinadora juntamente com as lendas do Karatê montesclarense Katão, Vicente Mendes, Antônio Marcos e Danilo. 

O exame foi registrado em VHS. Clique aqui no link abaixo para assisti-lo.

 

 

Após o advento da faixa Preta, participei ativamente de campeonatos, fui examinador, professor e exímio estudioso de novas técnicas e katás, alcançando em 2014 a graduação no 3º Dan no estilo “Kenyu Ryu” criado por Gichin Funakoshi, o que me garantiu a filiação na Confederação Brasileira de Karatê e na WKF (ambas filiadas ao Comitê Olímpico Brasileiro).

As artes marciais me aproximaram ainda mais de uma outra paixão: a leitura. Me nutri de toda a literatura que estava ao meu alcance no que diz respeito à meditação, yoga, budismo, taoísmo, Zen, reiki e até, pasmem, artesanato, ufologia e esoterismo!

Paralelamente, para aprimorar meus conhecimentos nas diversas artes marciais, experimentei praticar, por períodos curtos, a Capoeira, Kung Fu, Tae Kwon Do, Jiu Jitsu, Defesa Pessoal e Jet Kune Do – esta última com o sensei Ruy Erize.

Esse é um breve relato destes 44 anos de sonho realizado e, posso dizer após tanto tempo, que esta máxima é verdadeira: “O KARATÊ É UMA FILOSOFIA DE VIDA...”

Tento seguir os seguintes preceitos na minha vida: 

DOJO KUN:

1). Esforçar-se para a formação do caráter;

2). Seguir o caminho da sinceridade;

3). Cultivar o caminho do empenho;

4). Dar importância à cortesia;

5). Reprimir atos brutais.

 

Ao iniciante do Karatê, sugiro assimilar a importância da técnica juntamente com a perseverança e a formação do espírito. Espero que aqueles que se iniciarem nesta arte venham a compreender a importância desses princípios.

Agradeço ao amigo Ruy Erize a oportunidade de poder publicar o meu relato no seu site e que o mesmo possa influenciar positivamente os jovens da nova geração a praticarem alguma arte marcial.  OSSS !!


3 comentários

Julio Azevedo · 11 de julho de 2022 às 21:43

Que história fantástica. Me fez voltar no tempo. Também fui aluno do sensei Durval e posteriormente do Vicente na academia sol nascente. Infelizmente não passei da faixa verde. Na época fiz concurso para a FAB e passei. Tenho saudade dessa turma da época da sol nascente. Forte abraço. Oss

    Aciomar Fernandes de Oliveira · 13 de dezembro de 2023 às 08:08

    Corrigindo: o criador do estilo Kenyu Ryu foi Riushiro Tomoyori. Atualmente a soke do estilo é Aiko Tomoyori.

Aciomar Fernandes de Oliveira · 13 de dezembro de 2023 às 08:05

Belíssima história. Conheci a maioria dos nomes citados. Um equívoco é que o criador do Kenyu Ryu não é Funakoshi mas, kenwa Mabuni.

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